sábado, 7 de dezembro de 2013

Da (in)segurança



Recentemente esbarrei-me num casal de namorados. Viriam a sentar-se ao meu lado no avião e chamaram-me a atenção pela conjugação bonita que faziam. Ela tinha um toque especial, motivado talvez pelo cabelo longo e meio descontrolado que embonecava um rosto delicado e muito bonito. O que a fazia bonita desvaneceu-se rapidamente, quando perdeu o sorriso e lhe deu indicação com os olhos para que se sentasse ao lado da janela, deixando livre o lugar ao meu lado.

Uma mulher insegura perde metade do seu charme. Talvez ela o tenha percebido também porque me ofereceu gomas assim que ocupou o espaço vago. 

Concidentemente reencontramo-nos de novo na viagem de regresso. Pela segunda vez, e apesar de não ter reservado o lugar em que me sentaria. Ele conversou comigo dois minutos sobre a enorme coincidência, enquanto ela decidiu não mais levantar o olhar do ecrã, evitando a conversa. 

Eu achei giro ter encontrado as mesmas pessoas naquelas circunstâncias. Gostava de ter podido retribuir a amena cavaqueira sem sentir que estava a ferir o elemento feminino do casal. Talvez no final da viagem tivessemos descoberto aquilo que temos em comum, que nos levou ao mesmo país, na mesma altura, para uma viagem tão curta. Mas a atitude dela obrigou-me a proteger-lhe a insegurança. 

Não sei se as pessoas são felizes assim, a evitar conhecer pessoas novas com medo que os fantasmas da sua cabeça tomem lugar na vida real. Mas acho que não; viver com medo nunca é saudável.

5 comentários:

  1. Isso já passou a barreira da insegurança, largamente :/

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  2. Olá querida ABT,
    Tocaste em coisas muito interessantes, não sei se vou abordar todas mas falo do que me tocou neste belíssimo texto.

    Há um fascínio muito grande nas mulheres pelos cabelos longos e por isso sorri quando escreveste: "Ela tinha um toque especial, motivado talvez pelo cabelo longo e meio descontrolado que embonecava um rosto delicado e muito bonito."

    Em relação a (in)segurança entendo perfeitamente como se sente uma pessoa assim, quando o medo existe e toma conta de nós é muito complicado, sei também que além do medo perante o desconhecido também sentimos segurança mas isso sente-se e não há palavras para descrever, há momentos ou há pessoas que nos fazem sentir seguras perante o desconhecido.

    Realço o teu último parágrafo: "Não sei se as pessoas são felizes assim, a evitar conhecer pessoas novas com medo que os fantasmas da sua cabeça tomem lugar na vida real. Mas acho que não; viver com medo nunca é saudável."

    Não é saudável é uma luta diária que temos que ter e por fim não há coincidências por isso teres encontrado a mesma pessoa na viagem de regresso teve um significado podes é não saber neste momento qual é.

    beijinhos grandes e um Domingo mágico e lindo***

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    1. Concordo que já pessoas que nos fazem sentir seguras, mas o comportamento do rapaz (para comigo) em nada sugeria que ele não era desse género.
      Relativamene ao significado da coincidência de viajar ao lado deles duas vezes, acho que não mais será possível descobrir qual é.

      Beijinhos :)

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    2. Pode acontecer de novo e podes perguntar, :)

      beijinhos grandes e bom domingo***

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