segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Fuga ao medo, caminho para a felicidade.


Há sempre alguém que um dia nos pergunta o que é a felicidade, ou como se chega lá. E eu fico sempre hesitante na resposta a dar. A felicidade é tantas coisas encerradas num único sentimento. Não há uma receita infalível, estanque de pessoa para pessoa, mas posso dar a minha versão da felicidade.

Acredito que algumas coisas existem em comum entre aqueles que são felizes, e que o mais importante requisito é amor-próprio. Passamos imenso tempo sozinhos, pelo que é indispensável termos prazer na nossa própria companhia. Se não nos sentímos bem na nossa pele, se fugimos dos momentos de silêncio e buscamos constantemente a presença de outras pessoas para afastar esse sentimento de solidão, será muito complicado sentirmo-nos em paz para desfrutar a vida. Em estado de fuga tornamo-nos insensíveis a estímulos subtis: já não basta que a felicidade nos toque, para que a possamos sentir, é necessário um empurrão da felicidade para que consigamos reconhecê-la. Mas a felicidade encerra-se não raras vezes em coisas aparentemente pequenas, mas mágicas... 

Acredito que essa necessidade de fugir às conversas internas se relacione com um medo que não queremos admitir, com uma conversa sobre nós mesmos que não queremos ter. Provavelmente há um desencontro entre o que somos e o que vimos fazendo, que nos afecta. Um emprego que não nos realiza, uma acção que não reflecte os nossos valores, uma relação que não nos completa. Mas, mesmo que difícil, a confrontação entre a realidade actual e os nossos sonhos é essencial para que consigamos recuperar o mapa que nos leva até onde queremos chegar. Fugir desta análise só adiará a resolução do problema, alimentando a insegurança, o desconforto, a tristeza.

A receita para a felicidade bloqueia a acção do medo sobre as nossas decisões.
Torna transparente que somos mais capazes do que julgamos e mais fortes do que pensamos.

6 comentários:

  1. Acho que nao há receita para a felicidade. Sou da opiniao que a felicidade nao existe, existem momentos de felicidade.. e se pudermos viver esses momentos de uma forma única e memorável, é meio caminho andado para que sejamos realizados connosco, com quem está à nossa volta e com a vida que temos! A paz interior é o exercício perfeito para lutarmos contra aquilo que nos faz menos bem! (Ando a tentar fazer essa "terapia"!=P)

    Beijitos grandeeees*

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    1. Little Star, não podia concordar mais quando dizes que "A paz interior é o exercício perfeito para lutarmos contra aquilo que nos faz menos bem!". Incentivo-te a fazer essa "terapia" com a convicção de que nesse caminho vais descobrir quão errada estás (felizmente) em relação à primeira parte -- porque a felicidade existe e é bastante mais consistente do que estamos à espera.

      Não embales a ideia que a felicidade é um conjunto de momentos isolados no tempo, que temos de aguardar em suspiros. Porque esse sentimento pleno, que anda de mãos dadas com a paz interior, é um lugar que carregamos dentro de nós e nos mostra todo um mundo novo em relação àquele que já pensámos conhecer.

      É como receber um beijo da pessoa da tua vida: se estivessem dentro de um jipe a alta velocidade numa estrada esburacada [ou a embalar sentimentos instáveis por problemas do dia-a-dia] e essa pessoa te beijasse pela primeira vez, ficarias a pensar que conhecias o que é um beijo seu. Mas estarias enganada. Os mesmos lábios, do mesmo homem, num ambiente aconchegante e intimista, encerraria segredos que só nesse contexto irias perceber e despertaria sentidos que nem sabias ter. A felicidade é assim também, precisa de paz interior para se fazer notar em toda a sua extensão. O sorriso fica mais fácil, porque o mundo que vemos é outro. E a infelicidade, essa sim, passa a ser o sentimento que aparece de vez em quando e não dura.

      Não te desvies desse caminho, vai valer a pena!
      Beijinhos maiores :) *

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  2. Concordo que o medo nos bloqueia, impedemos de seguir, ficamos em modo "não viver para não sofrer". Se não formos capazes de arriscar nunca saberemos que emoções poderiamos ter experiênciado, ficamos presos. Tenho muito a andar nesse caminho de libertação...
    Sermos felizes talvez seja impossível, mas podemos ter muitos momentos, tempos de felicidade, que nos hão-de acompanhar nos momentos menos bons.

    Bjs

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    1. É isso mesmo, Partilhar é bom :)) Segue esse caminho com a convicção de que é mais simples de trilhar do que esperas. Não dês energia a pensamentos que te deixam cansada de caminhar dois passos depois de começares.

      Sermos felizes não é impossível. Não posso enfatizar mais esta frase! Os tempos de felicidade a que te referes, os muitos momentos bons, podem ser a maioria se estivermos sintonizados na frequência certa. Não podemos esperar ouvir a Rádio Comercial na frequência errada, da mesma forma que não podemos ser felizes embalando determinados comportamentos (e o medo).

      Segue nesse caminho de libertação: vale a pena!
      Beijinhos*

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  3. Mais um texto brilhante e cheio de razão.

    homem sem blogue
    homemsemblogue.blogspot.pt

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