segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Casa dos Segredos 3



A casa dos segredos começou e com o programa uma quantidade de opiniões de quem assiste e de quem não assiste.
Incomoda-me particularmente quem fala com fervor do que quer que seja, sem se informar minimamente -- especialmente se a informação está à sua frente e só não o fazem por príncipio. Por príncipio não olho para os acidentes na estrada, porque são hipnotizantes, porque fico absurdamente incomodada com a desgraça alheia e porque se a ajuda já lá está a única coisa que o meu abrandamento provoca é um ataque de nervos em quem está a tentar fazer um percurso num tempo razoável e se atrasa porque os da frente se deixaram hipnotizar. Diz a teoria que as pessoas tendem a observar um acidente como uma forma de aprendizagem subconsciente, evitando a mesma situação no futuro.
E qual é a diferença entre um acidente na estrada que as pessoas querem observar e um programa com gente real que as pessoas querem observar? Nenhuma. Não importa se o que se vai aprender é ao nível da sociologia ou a nível nenhum: as pessoas foram desenhadas para prestar atenção à envolvência. E se no conforto do lar já não há quem aguente os telejornais, que são autênticos mananciais da desgraça presente, passada e futura, não me digam que os Portugueses não podem desanuviar (ou contrabalançar) olhando para um programa que os faz rir. Se fosse ficção nacional, ainda se aceitava -- programas como o Camilo e Filho, Malucos do Riso e congéneres que estiveram no topo das audiências a determinada altura -- mas se for real e engraçado, porque a vida é engraçada quando se colocam tantas pessoas diferentes no mesmo lugar, aí já é a desgraça, o tormento de saber que os portugueses não lêem Saramago à hora da Casa dos Segredos. O que não afectou estas pessoas o ano inteiro, nesta altura passa a ser a luta da vida deles. "Mais Saramago, menos Teresa Guilherme!". A essas pessoas só tenho a dizer: espero que tenham estado presentes na manif de 15 de Setembro, essa sim importante para o país.

Quanto ao mais: relaxem, a vida são só dois dias.









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