quinta-feira, 5 de março de 2015

5 interpretações equivocadas sobre meditação


Meditar tornou-se parte importante da minha vida, numa altura em que precisava acalmar os pensamentos. Sempre me foi característico ter cento e trinta e sete pensamentos ao mesmo tempo e, como tal, parecia-me que se tal acontecia é porque devia conseguir lidar com todos eles ao mesmo tempo. O nosso cérebro é um processador de informação extraordinário, mas não vamos exagerar. Pensamentos múltiplos só servem para criar ansiedade e deixar-nos nervosos com a quantidade de coisas com a qual (aparentemente) precisamos lidar.

Os raros posts que escrevi sobre meditação encontram-se entre os mais lidos deste cantinho. Pelo interesse mostrado e por eu gostar tanto do tema, tentarei falar dele com mais frequência do que até aqui. Para começar, aqui vão algumas opiniões sobre o que é, e não é, a meditação, na minha experiência pessoal:

1. Meditação vai aproximar-me da religião. 
Se é esse o objectivo com que te propões a meditar, é provável que saias frustrado(a). Espiritualidade e religião são conceitos tão diferentes que nem cabem no mesmo parágrafo. A meditação vai, por certo, aproximar-te mais do melhor que vive em ti, e vai deixar a claro características que nem sabias que tinhas. Este processo pode parecer meio assustador, mas na realidade é muito libertador. 

2. Meditação só é útil para quem se sente psicologicamente mal. 
Apesar da meditação ter de facto um papel positivo no caminho para a serenidade, há inúmeras vantagens em meditar quando nos sentimos bem. A maior é, provavelmente, a facilidade com que nos sentimos bem connosco e com a nossa vida, sem que nada tenha efectivamente mudado. Para além, claro está, do novo olhar que conquistamos sobre a vida (sabe-se lá como. É o mais próximo a magia que conheço, na vida real).

3. Meditação consiste em estar quietinho de olhos fechados. 
Não é bem assim. Apesar dessa ser a imagem registada por quem observa, no interior de quem medita há muita actividade. O objectivo inicial é não pensar em coisa nenhuma, de forma a que o espaço seja preenchido (geralmente de forma surpreendente). Se for complicado afastar os pensamentos do trabalho, da casa, dos afazares, ..., o mais fácil é focar o pensamento em alguma coisa, em jeito de observação. Há quem se concentre na sua própria respiração. Eu prefiro imaginar o meu cérebro por dentro (ei... formei-me em neurofisiologia, a minha esquisitice merece um desconto). Não há regras. Eventualmente a imagem em que nos focamos vai dar lugar, sem que saibamos bem como, àquilo que nos transformará. 

4. Sou demasiado activo(a) para conseguir meditar.
Meditar não exige que gostemos de estar queitinhos, sem mexer. Pessoas activas têm tanto a beneficiar com a meditação quanto as outras. E podem fazê-lo tão facilmente quanto elas.

5. Preciso de umas férias, um mosteiro e três monges para aprender a meditar.
Como referi no ponto 3, meditar é mais fácil do que parece. É uma questão de método. Decidir ficar 10 minutos, sem interrupções, num lugar tranquilo, a tentar distrair a mente dos pensamentos mundanos. Com o treino vem a mestria. 10 minutos são suficientes para começar. Cinco. Um. Desde o momento em que se toma a decisão de treinar para conseguir, dá-se início à aventura. Sem pressas, nem expectativas. Vai valer a pena a espera. E não há nada que te prepare para o que aí vem.

Boas meditações!

2 comentários:

  1. Olá querida ABT, :)

    Sinto que vou ficar aquém daquilo que gostaria de escrever em relação a este tema e porque além de gostar muito deste tema acho de importância vital a meditação.

    A história de o anterior post da meditação ser o mais visto dava quase para escrever um livro mas vou passar adiante. Mais uma vez estar interpretações não deviam existir e mais uma vez cada um devia procurar o que o faz feliz e não ter em conta alguns conselhos.
    Eu sou da opinião que o segredo da meditação é tentar, cada erro que se pode cometer deve levar apenas a uma coisa meditar mais uma vez. Lembro-me dos erros que cometi mas sei que foram com eles que cheguei até onde estou hoje.

    Não vou acrescentar mais nada às tuas palavras, em relação ao ponto cinco, compreendo em parte que digam isso mas só aceito parte porque gostaria de visitar um país assim, os seus hábitos, as suas culturas.

    Para terminar, conselhos muito sábios para quem quiser levar e guardar no coração de cada um, meditar além dos benefícios é sossegar a mente e ter o pensamento focado apenas numa coisa. Como temia fiquei aquém fica apenas o conselho de que não devem desistir após o primeiro, segundo, ... erro mas tentar sempre.

    beijinhos grandes e boas meditações, :)****

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    1. Olá Serginho,

      A distinção entre conselhos bons e maus, em determinado momento da nossa vida, pode ser uma tarefa que exige uma sabedoria imensa. Desejo que todos nós tenhamos a sorte de a ter nos momentos certos!

      Certamente o segredo de cada aprendiz que se tornou mestre foi a tentativa depois da falha. Com a meditação não é diferente, concordo contigo!

      Obrigada pelas palavras e pelos valiosos conselhos que adicionaste a este post :)
      Beijinhos e boas meditações :)

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