segunda-feira, 21 de outubro de 2013

OLX



Ultimamente tenho-me dado conta da quantidade de livros que tenho em prateleiras, que não hão-de mais ser lidos. Em geral sou pouco dada a repetições: não gosto de rever filmes, reler livros e até os meus pratos favoritos passam rapidamente para segundo plano. A repetição não me estimula. É um fenómeno que tive de aceitar em mim mesma.

Então, pela primeira vez percebi o desperdício que é ter todos aqueles livros em estantes e resolvi libertar o espaço para novas aquisições. Coloquei-os no OLX para troca por outros livros ou venda por metade do valor a que foram adquiridos, apesar de serem livros novos: sem marcas, sem notas, lidos uma vez e fechados. No fundo senti necessidade que mais alguém os lesse, que não fossem fechados para sempre.

Rapidamente recebi contactos de interessados e foi aí que me apercebi que... eu não queria desfazer-me de parte dos meus livros. Mesmo daqueles nos quais não me revejo mais. Fez-me confusão pegar naqueles livros e ter noção que nunca mais os leria se quisesse. Que os meus filhos (quem sabe) não poderiam ver naquela parte da estante parte da sua adolescência, como eu agora vejo. 

Tenho certeza que se tivesse tido oportunidade de trocar os livros por outros que me façam sentido agora, não teria pensado nisto. Mas como toda a gente me oferecia dinheiro, não consegui fazê-lo. E a Inês Pedrosa, a Susanna Tamaro e o Nicholas Sparks voltaram às estantes. 

4 comentários:

  1. "Em geral sou pouco dada a repetições: não gosto de rever filmes, reler livros e até os meus pratos favoritos passam rapidamente para segundo plano. A repetição não me estimula. É um fenómeno que tive de aceitar em mim mesma." já eu sou o oposto, vou até à exaustão, até ao enjoo xD isto na comida e na música, sobretudo.

    Mas não consigo desfazer-me de coisas a que dou valor. Tenho centenas de cd's que conservo religiosamente, mesmo que já não me identifique e não goste de alguns. E tenho tralha com fartura da qual não me consigo desfazer :P

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    1. Na diferença está a beleza :) E eu gostava bem mais de ser como tu, e apreciar infinitas vezes aquilo de que gostei!

      Bem lembrado: a música. Aí está uma regra que quebro com frequência -- anos depois de ter enjoado de a ouvir tantas vezes, volto a ouvir como se tivesse sido lançada há pouco tempo. Talvez pelas memórias associadas :)

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  2. Olá querida ABT,
    Há repetições que simplesmente adoro e nunca me canso.
    Os livros e a música como foi citado em cima pelo Roger são elementos que pertencem à minha memória e a um momento da minha vida daí eu ser incapaz de me desfazer, nem por dinheiro nem por troca porque simplesmente é um bocadinho de mim que está ali e com ele está associado uma ou mais memórias, talvez seja por isso que eu não consiga eleminar um blog porque é um bocadinho meu que está ali à deriva ou em porto certo.

    Já com as pessoas, aquelas que me tocam e vivem no meu coração eu nunca me canso de olhar para o rosto delas perguntam-me muitas vezes se está tudo bem comigo? eu digo que sim, simplesmente há alturas em que o meu olhar não desvia é como se de um pequeno filme se tratasse.

    E escritores como Inês Pedrosa, a Susanna Tamaro e o Nicholas Sparks não me ia desfazer nunca, um dia quando o meu filho me perguntar: E como isso aconteceu?, tenho a certeza que um livro, ou um papel guardado num livro conta uma longa história.

    beijinhos grandes e muitos e bom início de semana.

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    1. Olá Sérginho :)

      Compreendo que há histórias associadas aos objectos (e pessoas) da tua vida que te farão voltar atrás no tempo e recordar os detalhes que queres partilhar com os teus filhos mais tarde. Eu também não trocaria esses objectos, apenas aqueles que um dia eu escolhi e com os quais não me identifico mais. Tenho a sensação que não preciso guardar memórias de mim, afinal estou comigo todos os dias ;) Mas gosto de pensar que um dia os meus podem usufruir das mesmas páginas, e no fundo foi isso que me impediu de vender os livros.

      Beijinhos grandes*

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