quinta-feira, 6 de junho de 2013

Aumento de salário



Eu mereço um aumento mas a conjuntura não permite, é das mais frequentes queixas que ouço em conversa com amigos. Como provavelmente eles são uma boa representação da sociedade, aqui fica a conversa que acabamos sempre por ter e, quem sabe, ajudará mais alguém. Objectivamente encontro sempre dois problemas nestes amigos:
1) Não sabem por que são pagos.
2) Não sabem pedir aumentos.

Vamos por pontos. Há sempre dinheiro para investir nos funcionários que valem a pena. Só nos fazem acreditar que não porque é muito mais fácil orientar na direcção pretendida um conjunto de pessoas que aceita qualquer desculpa por achar que a empresa, de facto, não tem estrutura para premiar os melhores funcionários. Bullshit. Se vocês contribuírem para o aumento de produtividade, haverá dinheiro para vos premiar sim.

OK, aceitando que existe possibilidade de premiar funcionários excepcionais, é preciso fazer o quê para sermos um deles?
Ponto 1: Saber exactamente o que esperam de nós.
Quando começamos um trabalho temos de saber por que motivo fomos contractados. Por quantas "pastas" estamos responsáveis e qual é o rendimento esperado em números -- temos de ter forma de quantificar o nosso trabalho. 
Se não sabem estas informações, não só as chefias se vão aproveitar de vocês sempre que possível (adicionando mais e mais pastas de trabalho) como nunca hão-de receber um aumento a menos que o governo os obrigue.

Ponto 2: Pedir aumento:
- Quando estão a fazer mais do que aquilo para que foram contratados:
Não basta entrar no gabinete do chefe e pedir um aumento. A desculpa será a habitual e já está preparada: "Economia (blá blá blá) dificuldades (blá blá blá) mais tarde". 
A estratégia passa então por visitar o chefe e relembrar que foram contratados com os objectivos A, B e C, e que as pastas C, D, e E cairam no vosso colo nos últimos [no mínimo] seis meses. Façam questão de garantir que adoraram a surpresa porque a novidade elevou a vossa criatividade e fez-vos descobrir novas áreas de interesse [a menos que tenham detestado alguma das pastas e queiram trocá-la por outra. Nesse caso refiram que pasta gostariam de ver trocada]. Levem números: que nível de produção atingiram em cada pasta de trabalho nova. Tendo em conta os números apresentados [e tendo por base os números esperados, do ponto 1] peçam um aumento. Não há chefe que se recuse a dar um aumento ao pessoal que se mostra motivado a fazer mais e melhor -- e saiba quantificar o que fez (não posso enfatizar este ponto o suficiente!). Não saiam da sala dele sem estabelecerem novas, e estimulantes, metas para os próximos seis meses (ou um ano). Sim... o processo começa de novo.

- Quando o empregador não exigiu mais do que a carga de trabalho inicialmente estipulada:
Neste caso a estratégia passa por entrar no gabinete do chefe e dizer-lhe que se sentem pouco motivados -- ninguém quer um funcionário pouco motivado. Acrescentar que gostariam de participar mais no crescimento da empresa. Perguntar o que é necessário fazer para contribuir (números, queremos números). Durante os seis meses seguintes enviam um email ao chefe a cada objectivo dessa lista que for cumprido. No final dos seis meses, voltam ao gabinete do chefe [que já estará à vossa espera, porque não anda a dormir], fazem a revisão dos objectivos que foram traçados e cumpridos (que não serão novidade, uma vez que enviavam emails), enunciem aqueles cujos valores foram ultrapassados (se foi definido um aumento de 30% na produção, aumentos acima de 35% serão números perfeitos) e terminem com o óbvio: pelo gostaria de discutir um aumento do meu salário. E podem continuar neste exercício, que os chefes terão todo o gosto de patrocinar porque lhe está a trazer lucros, até acharem o tecto do vosso rendimento laboral.

Esta estratégia não só vos dá segurança para não gaguejar enquanto pedem um aumento, como ajudará a que se sentiam realmente mais motivados no trabalho. Trabalhar com objectivos definidos e sucessivamente mais audaciosos é sempre mais estimulante. Boa sorte!

1 comentário:

  1. Olá querida ABT,
    Nada a acrescentar, sou da opinião que desde que haja boa vontade o problema resolve-se sempre, é a falar que as pessoas se entendem, reforço só uma das tuas frases: "Trabalhar com objectivos definidos e sucessivamente mais audaciosos é sempre mais estimulante."

    beijinhos grandes e continuação de uma excelente semana.***

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