quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Não desistir


Em alguma área da nossa vida há sempre uma ponta solta. Um 'porquê' mal respondido, uma dúvida em relação a como seguir em frente, se seguir em frente ou escolher outro caminho. Neste momento a minha ponta solta é "Porque é que tenho de escrever cento e cinquenta artigos científicos para poder entregar a tese de doutoramento?" Idealmente um aluno de doutoramento deveria escrever um como resultado final do seu trabalho, mas em várias universidades nem esse é requerido. O meu centro de investigação em Portugal pede vários, como primeiro autor. Um número tão alto que não tem paralelo conhecido no país e deixa a boca dos colaboradores estrangeiros rebolar laboratório afora
Depois de quatro anos e uns meses de muitos fins-de-semana, Páscoas, feriados e serões no laboratório para além dos habituais dias de trabalho, o trabalho está desenvolvido e os dados recolhidos. E parece absurdo que este seja o momento em que me faltam as forças, mas já não há paciência para debitar tanta informação de seguida. Já nadei tanto que ir ao fundo, apesar de estar a ver a praia, quase parece um presente, só porque isso significa que o problema terminaria. 

Mas a semana passada recebi uma proposta inacreditável da Finlândia. Daquelas propostas que chegam de surpresa e nos levantam o ânimo como nenhuma outra, não apenas pelos valores envolvidos mas especialmente por acontecerem porque alguém falou a alguém que falou a alguém do nosso trabalho. E não há nada mais gratificante do que o nosso trabalho ser reconhecido. E nesse momento os porquês anteriores têm uma resposta que passa apenas e só por não desistir.



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