quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Mistérios do (meu) mundo





Sou filha única, cresci a pedir um irmão e a determinada altura desisti. Os meus pais compensaram pela família numerosa que tiveram no ninho e decidiram que em sua casa reinaria a calmaria. Apesar desse desejo não concretizado a minha infância (e restantes fases) foi extremamente feliz. Passei-a com muitos amigos na escola, e primos na casa da minha avô materna depois das aulas. Não raras vezes raptava um dos últimos para dormir em minha casa, substituindo o irmão que não tinha.
Quando não podia brincar no exterior por estar a chover, os meus pais encarregavam-se de me distrair. Jogávamos muitas vezes ao esconde-esconde e todas as divisões da casa eram válidas. Quando era a minha mãe a contar, o meu pai escondia-me invariavelmente em cima do guarda-roupa do meu quarto e eu nunca fui encontrada. Ganhava sempre, porque era a última a ser descoberta. Na ronda seguinte tudo voltava ao normal e escondia-me debaixo da cama, atrás das plantas, dos cortinados, ou dos balcões da cozinha.

Depois de aprender a ler, os livros tornaram-se uma companhia viciante e os jogos de esconde-esconde dentro de casa tornaram-se cada vez menos frequentes.
Mas ainda hoje olho para os guarda-roupa embutidos com um olhar que diz "tss tss, quem te fez isso não percebe nada de crianças".


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