domingo, 10 de março de 2013

Das amizades virtuais




Ainda na sequência do desafio que vos coloquei a semana passada, o Sérginho perguntou o porquê das redes sociais e amizades virtuais parecerem cortar a ligação entre as pessoas apesar de aparentemente as estreitar.

Acredito que isto acontece porque vivemos numa sociedade que se habituou a receber recompensas muito rapidamente -- em segundos um comando dá-nos acesso a centenas de canais e informação diferente, um teclado responde a virtualmente qualquer questão, uma rede social fornece acesso a centenas de pessoas. E uma vez habituados a tal rapidez de satisfação de necessidades, os indivíduos tendem a generalizar o comportamento (mesmo que subconscientemente) a todas as vertentes da sua vida. 

Uma amizade virtual não exige esforço e oferece a sensação de conforto (ilusória, por vezes) de que se vive uma vida social saudável. Mais ou menos como uma comida quentinha e calórica parece contribuir para animar um dia difícil, mas em última análise pode não ser a alternativa mais saudável apesar de ser sem dúvida a mais rápida. 


Uma amizade vive de gestos, de episódios partilhados, os olhares cúmplices, de gargalhadas, de abraços no momento certo. E no conforto de um sofá chega-se a um momento em que o nível de partilha não pode avançar mais. Fica restrito. E deixa de fazer sentido não contornar essa limitação quando o tempo é investido em alguém importante.

Apesar da amizade virtual ser preciosa, não substitui a partilha de experiências entre as duas pessoas no mundo real. Pensar que sim é ceder à lei do menor esforço, e viver com uma lasca de diamante para evitar o trabalho de minar a gruta que se abre imponente em frente.

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