domingo, 13 de janeiro de 2013

Caracóis



Hoje os meus pais lembraram-me que na infância eu tinha nos caracóis grandes amigos. Enchia os bolsos com famílias deles e passeava-me na sua companhia. Lembro-me que gostava da concha deles e esse era o critério de selecção. Raramente davam o ar da sua graça, quando eu pegava neles -- tinha de pousa-los no chão e não lhes tocar por algum tempo, para esticarem as antenas. Descobri que não têm audição entre os meus pedidos para se mostrarem e argumentos convincentes de que não lhes faria mal. Achei que era uma mentira fofinha do meu pai, para que eu não ficasse triste, até ter lido sobre o assunto anos mais tarde.

A minha mãe descobriu que eu os passeava pela casa toda -- interior da habitação incluída -- quando um deles me saiu pelo bolso e ela gritou surpreendida. Acho que teve medo que eu o esmagasse sem querer. Não sabia que eu mantinha vários outros, intactos, no interior dos bolsos, nem que eu tinha uma técnica apurada para os transportar sem quebrar (nem eu sei bem qual, agora que relembro estes episódios à distância).

Aposto que a minha mãe considerou ter um segundo filho naquele momento.

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