Da rivalidade

Sou grande apreciadora de futebol. Cresci a ouvir pedaços dos relatos na rádio ao Domingo à tarde, enquanto corria para trás e para a frente no jardim. À medida que fui crescendo a atenção foi aumentando, e ver os jogos com o meu pai na TV ou no estádio tornou-se um ritual. Juntos festejámos a vitória de inúmeros campeonatos nacionais, taças de Portugal, supertaças, uma taça UEFA, uma liga dos campeões, uma taça intercontinental e divertimo-nos sempre, imensamente, a cada vitória.

Com a minha saída do país, por três anos, interrompemos a tradição de vermos jogos juntos e, por causa disso, festejámos à distância mais campeonatos, taças nacionais e uma outra da UEFA. E apesar de bom, o sentimento não era igual e devagarinho distanciei-me tanto do futebol que nem o nome (muito menos o rosto) de todos os meus jogadores sabia quando regressei. Adormeço a ver os jogos no conforto do sofá e o meu pai não pode apontar-me o dedo. Actualmente, só nos prende completamente um jogo em que o FCP comece a perder. Acreditem ou não, para os portistas isso é uma lufada de ar fresco.

Dizem que a rivalidade FCP-SLB é grande porque a disputa é cerrada até ao fim do campeonato. Sem querer ferir susceptibilidades, não é por isso (que só acontece de dez em dez anos). A rivalidade é acentuada porque a atitude da (esmagadora, mas não total) facção benfiquista costuma ser demasiado impetuosa para quem ganha tão poucas vezes. E não compreendem porque gostamos tanto dos sportinguistas. A realidade é simples... é porque são um rival educado, mesmo quando ganham. Têm uma forma mais tranquila de estar, mesmo quando vão à frente. Não tão desmedida, não tão ofensiva.

E este gostar dos Sportinguistas é tão real que ontem quando cá em casa ouvimos o primeiro golo do jogo Nacional-Sporting corremos da cozinha à sala, onde se encontrava a TV sintonizada no jogo, e soltámos um uníssono:

- ...Uhhh... - perante a desagradável surpresa do golo madeirense.

Sportinguistas: espevitem! O que quer que andem a fazer, já não tem graça.