sábado, 3 de novembro de 2012




Cada vez tenho menos paciência. Para pessoas e para situações. Não que as pessoas e situações sejam particularmente irritantes, o problema é que mesmo em "repouso" estou a uma distância muito curta de explodir. Como um balão demasiado cheio, que rebenta com um toque que de outra forma seria perfeitamente suportável, sem mácula. Tenho noção que o problema está realmente em mim, e não em tudo aquilo que me causa nervoso miudinho, e até tenho as coordenadas GPS para sair deste lugar em direcção àquele que me fará feliz. Mas o caminho já é longo e por isso tornou-se penoso. Já não aprecio a paisagem, cada passo é mais um pedaço de madeira seca na fogueira da minha irritação. 

Há cerca de dois anos fui obrigada a colocar em quinto plano aquilo que habitualmente fazia para me encher de sorrisos, em prol do que era urgente ser feito. Descobri da pior maneira que 'urgente' e 'importante' não são sinónimos. Apesar disso fui muito feliz. Feliz porque as outras pessoas cuidaram de me fazer feliz, de me forçar às pausas que eu não me concedia, de garantir que eu aproveitava um pouco da magia que me rodeava. E aos poucos, esqueci-me de ser feliz "sozinha", sem ajuda. Não sei se a minha personalidade se modificou ou estou apenas perdida enquanto não me encontro comigo mesma de novo. Adoro o meu trabalho, mas já não sei ser ABT sem ser cientista e isso é cansativo. Quero conseguir escrever novamente, sem me aborrecer três segundos depois. Quero ler um livro sem questionar tudo o que escrevem como sendo um facto. Quero estar presente em cada conversa, sem sentir que estou metade do tempo noutro mundo enquanto falam. Quero relaxar sem me sentir culpada por não estar a fazer alguma coisa produtiva.

Quero fechar os olhos e dormir por uns meses e acordar quando tudo for diferente. A isso chama-se desistir. Não faz mal.


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