sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Passagens da minha vida



Quando olho para o lado emocional da minha vida, tenho a sorte de ver coisas muito muito bonitas. Tive muita sorte com as pessoas que conheci. Uma em particular foi-me trazida à memória quando lia um post do MS. Pensando na resposta à pergunta que fazia, recordei a minha própria vida, a minha história.

Um amor platónico, daqueles tão bonitos, tão intensos, tão extraordinários, que não parecem reais e por isso mesmo nos assustam. Aquele género de amor que nos faz ficar acordados pela madrugada a conversar por mensagem. Aquele género que faz com que as conversas terminem apenas quando um de nós adormece enquanto espera, com o telemóvel em cima do peito, pela mensagem que chegará do outro lado. A nossa amizade era imensa, a nossa presença na vida um do outro era absoluta. Um dia, fruto do erro gigantesco que representa sermos mais fiéis aos nossos medos racionalizados do que à nossa intuição, essa amizade foi interrompida. Com muitas lágrimas a rolar de um lado e de outro. Anos mais tarde, de completa ausência de comunicação, não resisti a enviar-lhe um email. Não tinha mais de uma frase mas gerou uma troca amarga de emails, que esclareceram tudo o que não foi dito anos atrás. Quando o vulcão de sentimentos naquelas palavras azedas acalmou, queríamos ver-nos. Eu mal podia esperar por rever o sorriso absurdamente lindo que tinha. Mas desmarcou. E voltámos a marcar. E eu desmarquei. E voltámos a marcar e novamente desmarcámos. E quando finalmente deixámos as desculpas de lado e conversámos sobre o porquê de estarmos a marcar e desmarcar constantemente, ele disse-me: "Não sei como vou reagir à tua presença de novo. Não posso correr o risco de passar novamente pelo mesmo. Da última vez precisei de anos para me levantar e desta vez acho que não me levantaria..."

E não nos vímos. Precisamente por ser tão forte o sentimento que lhe dedico que não posso correr o risco de o magoar com as minhas dúvidas existenciais. E eu sou cheia delas.
E ainda hoje eu penso nele com tanta alegria quanto tristeza. E desejo intensamente que esteja tão feliz quando eu desejo ser.


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