Ainda não aderi ao novo acordo ortográfico. Ainda. Mas continuo a ouvir os comentários e a ler as mensagens espalhadas por todo lado "eu não vou aderir, isto é um atentado à Língua Portuguesa" e surpreendo-me. A razão pela qual ainda não aderi é outra: a preguiça de sair da minha zona de conforto.
A Língua Portuguesa não vai sair a perder só porque vamos aniquilar uns p, c e afins de algumas palavras. É apenas uma mudança que visa melhorar o nível do desempenho por escrito das gerações vindouras. É assim tão terrível? Nunca ouvi ninguém queixar-se das mudanças (entretanto ocorridas) enquanto interpretava Camões ou Gil Vicente nas aulas de Português. E nem é preciso recuar tanto para encontrar ph que já não usámos ou acentos circunflexos em verbos no infinitivo em cartas e poemas antigos, e também não vejo ninguém a insurgir-se contra tal perda.
A língua mudou. Esta não vai ser a primeira vez. Nem a última. Estancar não tem nada de positivo, além de dar menos trabalho a quem aprendeu de outra forma e agora se vê obrigado a evoluir.
A Idade da Pedra não terminou porque se nos esgotaram as pedras.
Vamos continuar a evoluir sem dramas.
Ah é? O Brasil discorda dessa "evolução"...
ResponderEliminarhttp://www.senado.gov.br/senadores/Senador/CyroMiranda/detalha_noticias.asp?codigo=112708
Ah, e não, não se trata só de abolir umas consoantes, informe-se que está muito mal informado. Será dessa preguiça? :)
Bem-vindo, Ricardo. Obrigada pela opinião.
EliminarLi o link que me enviou. O senador Cyro Miranda não representa a opinião do Brasil, apenas a dele (tanto quanto é perceptível desse texto). Além disso não discorda da evolução, discorda apenas das excepções às novas regras criadas: "Se era para fazer um novo acordo, compatível com o atual estágio de nossa cultura multiétnica (com ou sem hífen?) e de desenvolvimento social e econômico, que se ouvissem os usuários da língua e se fizessem regras sem exceções."
Soa bem. Mas criar regras sem excepções não é possível em matemática, uma disciplina lógica, quanto mais em linguística. Além disso, apenas neste pequenino trecho se percebe a discrepância entre o Português do Brasil e o de Portugal. Ele não parece ter-se incomodado com isso até aqui, caso contrário adoptaria o nosso estilo.
Mas não era disso que tratava o meu post. Referia-me apenas à oposição à mudança que as pessoas tendem a manifestar em relação a tudo o que é novo. Tudo. Preguiça, medo do desconhecido, os motivos podem ser diversos mas o resultado é sempre o mesmo: paramos. E parar é morrer.
(Já espreitei o que muda exactamente, no site oficial da Porto Editora. Nada me parece complicado. Os hífens e acentos "aqui sim, ali não" são tão estranhos para mim quanto pronunciar "izitar" e escrever "hesitar". Será uma questão de habituação.)
http://2.bp.blogspot.com/-gq68tShvu_o/UME1L55iJ6I/AAAAAAAAF5o/Yc2vH28upww/s1600/ACORDO+ORTOGR%C3%81FICO+Brasil+mete-o+na+gaveta+%5B04.12.2012%5D.jpg
ResponderEliminarA notícia confirma o adiamento da implementação, que a outra já referenciava. Se há necessidade de modificações é normal que aconteça o adiamento. Quanto à contestação: vai acontecer sempre, mesmo que a proposta esteja a tocar a perfeição. Cada cabeça sua sentença, não é assim?
EliminarNeste caso, eu fico muito contente de não precisar sair da minha zona de conforto por mais uns anos :) Delícia! Mas quando tiver de ser, não me vai tirar o sono.